sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Em ti encontrei vício. Vício de olhares, gestos, carinhos. Vício de rima, prosa, poesia. Queria unir sua mão calejada em minha pele macia enquanto a gente fica quieto na beira do lago vendo a vida passar. Sua rudeza arranhando minha maciez, e minha maciez acalmando sua rudeza. Assim nos completamos, desde a ponta dos dedos, até o formigamento no fundo do peito quando sua respiração encontra a minha. Nossos olhares se encontram, e nessa hora, meu amor, transformamo-nos em arte. Somos a poesia recitada pelos olhos. Somos o conto escrito no infinito. O vento sacode os galhos das árvores e ouço distante o barulho de um pássaro. Vejo-nos em uma tela, um quadro. Um casal em meio ao verde da grama e o colorido das aves. Os lábios sussurram palavras incapazes de traduzirem aquilo que carregam no coração. Apertei sua pele entre meus dedos, sorrindo ao perceber que não era sonho - mais uma das coisas que havia me ensinado a fazer. Graças à você, sonhava até sem sonhar, planejava até sem planejar. Graças à você, amei como pensei que não seria capaz de amar. Não teria fim, constatei feliz. Não importa em qual estrada o amor nos levaria, não haveria de ter fim. Era infinito, como nós, a arte. 
(Gabriela Santarosa

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